No caminho quaresmal rumo à Páscoa, a liturgia desta Sexta-feira da 4ª Semana da Quaresma nos convida a refletir sobre a figura do justo perseguido, a partir da Leitura do Livro da Sabedoria, e sobre o mistério da identidade de Jesus, no Evangelho de João.
A Primeira Leitura (Sb 2,1a.12-22) descreve a trama dos ímpios contra o justo. Suas palavras revelam o incômodo diante de quem vive a retidão e a verdade. O justo é visto como ameaça, pois sua vida denuncia as injustiças, e sua conduta incomoda os que se afundam na maldade. O texto é um prenúncio da paixão de Cristo, o Justo por excelência, que também foi rejeitado, caluniado e entregue à morte.
No Evangelho (Jo 7,1-2.10.25-30), vemos Jesus evitando a Judeia porque sabia que procuravam matá-lo. Mesmo assim, sobe a Jerusalém para a festa das Tendas. Sua presença no Templo causa estranhamento: “Nós sabemos de onde ele é” — dizem — como se isso bastasse para negar sua identidade messiânica. Jesus, então, revela com clareza: “Eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno… e ele foi quem me enviou”. Esta declaração é um convite à fé, pois crer em Jesus é reconhecer o Pai que O enviou.
A liturgia de hoje nos chama a assumir a verdade com coragem, mesmo diante das perseguições e incompreensões. Assim como o justo da Leitura e o próprio Cristo, também somos chamados a viver com fidelidade, sabendo que a recompensa do justo está nas mãos de Deus.
Em tempos de julgamento e intolerância, que a Palavra de hoje nos ensine a confiar em Deus e a buscar a verdade, mesmo quando ela nos custar o conforto e a aceitação. Pois “Deus é fidedigno”, e com Ele está nossa verdadeira identidade e esperança.
Que nesta Sexta-feira da 4ª Semana da Quaresma, sejamos fortalecidos na fé e na esperança de que a verdade sempre prevalecerá.